top of page

MINIBIO 

Mirta (1952 - Uruguaia de nascimento, brasileira de nacionalidade - RS) vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. 

Estudou aquarela com Alberto Kaplan nos anos 90 e desenho e pintura no Parque Lage por 8 anos. Atualmente faz curso prático de pintura com Prof. Luís Ernesto, na mesma Escola. Participa de Seminários de Arte e Psicanálise há 5 anos. Teve trabalho projetado no QG Festival no Rio e Fortaleza, em 2020, durante a pandemia. Em 2021 apresentou seu percurso Psicanalista/artista e seus trabalhos no Seminário “Invenções na Clínica e na Cultura contemporâneas-lições de Lacan", da Escola Brasileira de Psicanálise-Seção Rio.  Em 2022 foi selecionada para a residência Uberbau_house 2022, São Paulo-SP. Traz em seus trabalhos com diversos materiais, representações que transitam entre paisagens e silhuetas em elaborações oníricas e imaginárias das questões que permeiam sua pesquisa em psicanálise e na arte: Trans<>humanidades. A partir de interrogações pessoais e sociais, suas imagens evocam questões e mistérios da vida e existência humana.

STATEMENT 

Meu trabalho na pintura vem como resultado de meu percurso profissional e principalmente pessoal na experiência da Psicanálise. Uma interrogação a respeito das questões da existência humana, da vida, das diferenças individuais e sociais, e das injustiças e segregações que daí decorrem foi o que teceu minha subjetividade, meu longo percurso profissional como psicanalista e mais recentemente como artista no campo das artes visuais. Em ambos os campos pesquiso as fantasias, invenções e possíveis soluções singulares diante da angústia de existir que afeta todos os seres humanos.  

 

Minha pintura se produz a partir da experimentação dos diversos materiais e cores e se conduz a partir de um elemento mínimo depositado na tela. Um traço. Um encontro contingencial, seja com materiais guardados, parte de uma bagagem de vida,  do que se adquire a partir das lembranças, que remetem à  marcas de acontecimentos, traços da história do sujeito no tempo atual, seja lançando mão do que se vê, se conhece de novo, do que os outros fazem, como fazem, com o que fazem.

 

Através de gestos, movimentos, materiais, o meu fazer manual, expressa uma necessidade imperativa de escoar as angústias individuais por meio de atividades gestuais que trazem a marca de um acontecimento de corpo na infância, elaborado na experiência precoce do recorte e costura manual de pedaços de tecidos. Seguiram-se outros aprendizados manuais tendo como pano de fundo um desejo e fascínio pela expressão visual que permanece ao longo da vida adulta. Alguma  referência ou marca destas questões comparecem nos meus trabalhos em diferentes épocas e com diferentes técnicas e materiais no uso livre e impulsivo, sem projeto prévio que faço das cores, formas  e suas  combinações, em meu fazer onírico e visceral. 

 

Um traço singular recorrente, identifica-se pelo interesse na figura humana, perfis, contornos, partes do corpo, corpos sem cabeça e cabeças sem corpos que expressam  elementos da vida psíquica, dos pensamentos e das relações humanas em suas singularidades. O corpo feminino que encarna uma falta, um  equívoco, uma brecha que não se sutura, foi o ponto de partida de meu tracejar no desenho. Suas formas, contornos, mas principalmente a incógnita que sustenta, remete ao vazio, à origem da vida.  A arte, para mim,  se insere nesse espaço, nessa brecha que marca um impossível: a criação, a invenção de misturas, de imagens, formas, acontecimentos que nunca se esgotam.

 

TRANS<>HUMANIDADES é como nomeio minha pesquisa no campo das artes visuais. As transformações  que o ser humano produz.  Qual o limite do humano? Num mundo onde tudo parece possível, tudo pode ser questionado, qual seria o limite dessa fluidez, dessa liberdade de ação? Até onde essa intervenção na natureza, em seu corpo e com os seus semelhantes sustenta uma humanidade possível e os recursos necessários para a sobrevivência da espécie? Existe algum ponto intransponível que se colocaria como “garantia" de humanidade?
 

TRANS<>HUMANIDADES reúne  como  projeto de pesquisa na arte e na psicanálise as questões acima. Enlaça e produz em um e outro campo efeitos de elaboração. Uma bricolagem singular que em cada novo trabalho me traz esse ponto de surpresa e interrogação. Um inesperado que se nomeia só depois, ou permanece como incógnita que move meu desejo pelo fazer artístico.  

 

bottom of page